Os mercados europeus caminham para uma abertura negativa após o governo francês perder um voto de confiança.
As ações europeias devem abrir em território negativo na quinta-feira, com os mercados franceses em foco após o governo do primeiro-ministro Michel Barnier ter sido derrubado em um voto de desconfiança na quarta-feira.
A maioria dos legisladores da aliança de esquerda Nova Frente Popular e do partido de extrema direita Rally Nacional apoiou uma moção de desconfiança na câmara baixa do país ontem à noite.
Moções foram arquivadas pelos blocos de esquerda e direita na segunda-feira, depois que Barnier, que está no poder há apenas três meses, usou poderes constitucionais especiais para forçar um projeto de lei de orçamento de seguridade social no Parlamento sem votação. A ação irritou partidos de oposição e, ontem à noite, deputados da esquerda e da direita depuseram o governo.
Espera-se que Barnier renuncie na quinta-feira, mas pode permanecer no comando de um governo interino enquanto o presidente Emmanuel Macron busca um substituto.
Em outros lugares durante a noite, os mercados da Ásia-Pacífico foram negociados mistos depois que os benchmarks de ações de Wall Street atingiram máximas recordes ontem. Os futuros de ações dos EUA ficaram praticamente inalterados na quarta-feira à noite.
Não haverá grandes divulgações de lucros ou dados na Europa na quinta-feira.
França enfrenta nervosismo no mercado de títulos, mas não é a Grécia em 2010, diz economista
A França está enfrentando uma trajetória de dívida insustentável e rendimentos de títulos mais altos, mas sua situação não é a mesma da crise da dívida soberana grega de 2010, de acordo com George Lagarias, economista-chefe da Forvis Mazars.
“A França não é insolvente, para começar, A e B, países grandes, países do G7, eles não têm crises de dívida no século 21. Essa é a alçada de países menores. A Grécia era insolvente muito antes de tudo isso acontecer”, disse Lagarias ao “Squawk Box Europe” da CNBC.
A França enfrenta meses de instabilidade política desde suas eleições antecipadas de verão, e seu governo minoritário foi deposto em um voto de desconfiança na quarta-feira.
Os custos de empréstimos franceses subiram para uma alta de 12 anos em relação aos da Alemanha em meio a preocupações de que ela não conseguirá aprovar um orçamento para reduzir seu déficit, enquanto seus rendimentos de títulos se nivelaram com os da Grécia pela primeira vez na história. Isso foi visto por analistas como um marco simbólico, dados os fundamentos mais fortes da França e o histórico turbulento do mercado grego, que viu seus títulos rebaixados para o status de lixo em 2010 e resgates subsequentes.
“A França está passando por algo, é tumulto político… Pode haver algum nervosismo nos mercados de títulos porque os mercados de títulos estão realmente chateados com a inflação e tarifas. Então, parte disso pode vazar para os mercados de títulos daqui para frente, parte dessa incerteza. Mas a França não é a Grécia”, disse Lagarias.
“Temos que reconhecer que não é a crise da zona do euro, [countries] podem tomar empréstimos para sair dos problemas, mas não no ritmo que estão acostumados. Temos aceleração da dívida, e isso acontece em todo o mundo agora. Os EUA são os principais culpados.”